André Carvalho

Arte versus Design

Você já se perguntou qual a diferença entre o design e a arte? Embora sejam usados como sinônimos por muitas pessoas de forma equivocada, são conceitos diferentes.

E isso é muito comum, já que as duas áreas têm algumas semelhanças. Contudo, possuem objetivos e propósitos distintos.

Arte como uma expressão da humanidade

Definir com exatidão o conceito de arte é uma tarefa difícil, pois ela é subjetiva, mutável, fluída. E sua trajetória é marcada por diversos movimentos artísticos: Barroco, Renascimento, Impressionismo, Modernismo…

E a lista continua.

Mas a arte não se limita a rótulos. Ela é a expressão autêntica do artista, um reflexo de suas emoções, ideias e questionamentos. Por meio da arte, o artista convida o espectador a uma experiência individual, com livre interpretação, reflexão e até contemplação.

E para materializar essa visão, o artista necessita de um conjunto de habilidades técnicas, sejam elas na pintura, na música com suas melodias e harmonias envolventes ou até performances cênicas.

A técnica é a ferramenta que dá vida à criação.

Contudo, não basta apenas seguir um conjunto de regras e fórmulas. Um artista talentoso transcende a barreira da técnica, transformando ideias em obras de arte que emocionam, inspiram e provocam reflexões.

Caso contrário, qualquer pessoa que aprendesse teoria musical comporia sinfonias tão belas quanto às de Mozart, Bach, Beethoven.

E não é bem assim que acontece… tais músicos citados acima (ou artistas, por assim dizer) ainda são relevantes até hoje tamanha foi sua contribuição para a humanidade através da música.

E isso se deu graças a criatividade, expressão e acima de tudo um domínio absoluto técnico.

Design como uma solução de problemas

E chegamos agora ao design, palavra muito presente nos dias de hoje, que é utilizada para muitas coisas que são produzidas.

“Preciso de um design para um panfleto”

“O design desse produto é muito ruim”

Design vem do latim “designare”, que significa desenhar, indicar, simbolizar, representar, projetar. Com isso já dá para ter uma boa ideia de onde vamos chegar.

Hoje, se pararmos para pensar, tudo tem um dedinho do design. Desde o carro que você dirige, ao piso que reveste o chão da sua casa. Do dispositivo móvel ou computador que você esteja lendo esse artigo até produtos que você consome no dia a dia.

Mas o ponto central é não confundir uma embalagem bonita com um bom design.

Design vai além.

Design é pesquisa de público-alvo.

Design é análise de mercado.

Design é projeto, conforme afirmava Alexandre Wollner, pai do design moderno no Brasil.

Assim, um designer, antes de qualquer coisa, precisa entender o problema que precisa ser resolvido. Através da pesquisa, do planejamento e da análise que se criam soluções eficazes e impactantes.

A criatividade em design só tem valor quando gerar conceitos que resolvam o prolema proposto.

Dr. Cláudio Freitas de Magalhães

Pois é através de todo esse processo que se pode chegar na criação de uma embalagem que chama a atenção, um site intuitivo, um aplicativo que facilita a vidas pessoas… Todos esses elementos são exemplos de como o design pode influenciar o sucesso ou o fracasso de uma marca.

Isso porque o projeto pode até ser visualmente maravilhoso, mas caso não tenha se atentado ao problema que precisava solucionar ou não respeitou o perfil do seu público-alvo, pode fracassar completamente.

Com isso podemos identificar o bom e o mau design. Este último sendo aquele que não conseguiu atingir o objetivo pelo qual se propôs.

Embalagem de molho para comida com um design ruim, que parece embalagem de cola para madeira.

Isso são embalagens de molho para comida ou cola para madeira?

A confusão pode levar ao fracasso de vendas do produto.

E como definir esse objetivo? Com um bom briefing.

O briefing vai além de uma descrição de tarefa, com título do projeto, prazo para término, orçamento e outras instruções.

O bom briefing reúne informações sobre o problema a ser atacado (ex. redesign de toda a linha de embalagens de produtos de uma marca para que os consumidores consigam identificar mais facilmente que se trata de um produto daquela empresa) e também sobre como será feito isso.

Isso porque design não é arte. Não é decorativo. Design age para solucionar problemas.

E sem uma clara definição dos objetivos a serem alcançados você corre o risco de ficar andando em círculos ou chegar num resultado inútil.

Ao trabalhar em um projeto de design você precisa entender além do que você está desenvolvendo, mas também por que está desenvolvendo.

Lembre-se: o bom design vai além da estética. Ele é estratégico, funcional e focado em resultados.

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